Na minha humilde e modesta opinião, a grafitagem é uma forma de expressão em que o artista busca a inclusão na área das artes visuais, mais especificamente, a arte urbana, sempre explorando os espaços públicos, na ânsia de criar uma linguagem de cunho intencional para interfirir na cidade. Já o piche ao meu ver, não constitui uma arte, mas sim, numa forma bastante controversa de perpetuar os movimentos de rebeldia. Basta olharmos com atenção as paredes ou os muros de várias instituições municipais e governamentais espalhadas ao redor de nossas residências (as escolas). Elas aderiram a cultura da grafitagem. Reparamos que muitas gravuras são inseridas nos muros de muitas escolas. Muitos grafiteiros são convidados a demonstrar suas habilidades e seus trabalhos nos muros das escolas, criando assim, excelentes murais. Já a arte da pichação é posta à margem da sociedade. Pichadores são marginalizados. Pichar não constitui movimento de arte. Pichar é um modo de vandalismo e como tal é configurado como crime pelas autoridades. Não esquecendo que, a remoção do grafite é bem mais fácil do que o piche.
Tenho apurado em revistas especializadas no assunto e visitado várias páginas da internet que contém matérias valiosas referentes a questão da arte urbana em si. Colhi várias opiniões de pessoas que são adeptas dessa arte. Muitos são contrários a fixação da pichação como arte. A sociedade também prefere o grafite em detrimento à pichação. O grafite é uma forma em que o artista explora o meio (muros) para apregoar sua arte. Já o picho é uma forma de se rebelar contra o sistema. Em outras palavras, o grafite é arte e o picho é crime. Os grafiteiros são profissionais acima de tudo. Através de seu trabalho fazem com que lojas, grandes mansões e até empresas os contratem para grafitarem nesses ambientes, e assim conseguem sobreviver disso e aumentar sua renda.
Pichação é o ato em que um certo indivíduo escreve ou rabisca sobre os muros, fachadas de instituições, asfaltos de ruas ou monumentos, utilizando tinta em spray aerosol, dificilmente removível, estêncil ou mesmo rolo de tinta. No geral, são escritas frases de protesto ou insulto, assinaturas pessoais ou mesmo declarações de amor, embora a pichação seja também utilizada para demarcar territórios entre grupos, às vezes gangs rivais. Por isso, difere-se do grafite, uma outra forma de inscrição ou desengo, tida no Brasil como artística.
Como sabemos, cada grupo ou indivíduo dentro do grupo de pichadores possui uma marca ou uma insígnia pessoal (normalmente elaborada a partir de uma estilização de caracteres) e picham os lugares mais improváveis (edifícios altíssimos, viadutos, fachadas, marquises, etc). Na verdade, quanto mais difícil o local da pichação, mais "moral" ganha o pichador e seu grupo. A natureza territorial dos pichadores desconhece qualquer respeito à propriedade privada: como é comum pro jovem, 'quanto mais proibido, mais excitante'. Daí toda a carga negativa atribuída ao grupo de pichadores.
O grafite é o frutos das conquistas de auto-afirmação de movimentos jovens e periferias, principalmente os ligados ao hip-hop. É sempre bom ressaltar que para elaborar um grafite é preciso que o criador do grafite tenha a autorização do dono do muro ou da propriedade para poder realizar o trabalho em si.
Veja o vídeo e tire suas próprias conclusões em relação ao grafite (arte) e à pichação (vandalismo)
Veja alguns termos e gírias utilizados por grafiteiros
1-) 3D - Estilo tridimensional, baseado num trabalho de brilho / sombra das letras.
2-) Asdolfinho - Novo estilo de grafite desenvolvido por americanos, no qual é visado a pintura animal.
3-) Backjump - Comboio pintado em circulação, enquanto está parado durante o percurso (numa estação por exemplo).
4-) Bite - Cópia, influência directa de um estilo de outro writer.
5-) Bombing - Grafite rápido, associado à ilegalidade, com letras mais simples e eficazes.
6-) Bubble Style - Estilo de letras arredondadas, mais simples e "primárias", mas que é ainda hoje um dos estilos mais presentes no grafite.
7-) Cap - Cápsula aplicável ás latas para a pulverização do spray. Existem variados caps, que variam consoante a pressão, originando um traço mais suave ou mais grosso (ex:
Skinny", "Fat", "NY Fat Cap", etc).
8-) Characters - Retratos, caricaturas, bonecos pintados a grafite.
9-) Crew - "Equipa", grupo de amigos que habitualmente pintam juntos e que representam todos o mesmo nome. É regra geral os writers assinarem o seu tag e respectiva crew (normalmente sigla com 2 a 4 letras) em cada obra.
10-) Cross - Pintar um grafite ou assinatura por cima de um trabalho de um outro writer.
11-) Degradé - Passagem de uma cor para a outra sem um corte directo. Por exemplo uma graduação de diferentes tons da mesma cor.
12-) End to end - Carruagem ou comboio pintado de uma extremidade à outra, sem atingir a parte superior do mesmo (por ex. as janelas e parte superior do comboio não são pintadas).
13-) Fill-in - Preenchimento (simples ou elaborado) do interior das letras de um grafite.
14-) Hall of Fame - Trabalho geralmente legal, mural mais trabalhado onde normalmente pinta mais do que um artista na mesma obra, explorando as técnicas mais evoluídas.
15-) Highline - Contorno geral de toda o grafite, posterior ao outline.
16-) Hollow - Grafite ou Bomb que nao tem
fill (preenchimento) algum e, geralmente, é ilegal
17-) Inline - Contorno das letras, realizado na parte de dentro das letras.
18-) Kings - Writer que adquiriu respeito e admiração dentro da comunidade do grafite. Um estatuto que todos procuram e que está inevitavelmente ligado à qualidade, postura e anos de experiência.
Outline - Contorno das letras cuja cor é aplicada igualmente ao volume das mesmas, dando uma noção de tridimensionalidade.
19-) Roof-top - Grafite aplicado em telhados, outdoors ou outras superfícies elevadas. Um estilo associado ao risco e ao difícil acesso mas que é uma das vertentes mais respeitáveis entre os writers.
20-) Spot - Denominação dada ao lugar onde é feito um grafite.
21-) Tag - Nome/Pseudónimo do artista.
22-) Throw-up - Estilo situado entre o "tag"/assinatura de rua e o bombing. Letras rápidas normalmente sem preenchimento de cor (apenas contorno).
22-) Top to bottom" - Carruagem ou carruagens pintadas de cima a baixo, sem chegar no entanto às extremidades horizontais.
24-) Toy - O oposto de King. Writer inexperiente, no começo ou que não consegue atingir um nível de qualidade e respeito dentro da comunidade.
25-) Train - Denominação de um comboio pintado.
26-) Whole Train - Carruagem ou carruagens inteiramente pintadas, de uma ponta à outra e de cima a baixo.
27-) Wild Style - Estilo de letras quase ilegível. Um dos primeiros estilos a ser utilizado no surgimento do grafite.
28-) Writer - Escritor de grafite