quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Paz nos Estádios - Uma Utopia ou Uma Questão de Conscientização?"

Sempre que falamos de violência nos estádios vem à tona a imagem dos degenerados hooligans ingleses. Os "porradeiros torcedores ingleses" que inflamavam os estádios europeus causando quebra-quebra dentro e fora dos estádios com requinte de pura selvageria.
Se compararmos as décadas de 1980, 19990 e 2000 entre si, chegaremos a conclusão que houve sim uma queda bastante significativa da violência envolvendo torcedores brigões. Porém, a violência ainda está enraizada no futebol pois, com o surgimento das "torcidas organizadas", muitos vândalos transvestidos de torcedores utilizam-se dos meios midiáticos para promoverem brigas e arrastões nas imediações dos estádios. Como sabemos, essas facções de torcidas marcam confrontos via internet usando páginas de relacionamentos como o Orkut.
Mesmo havendo atualmente melhorias tanto tecnológicas como infra-estrutura nos estádios de futebol; a paz está longe de ser alcançada, pois falta uma maior conscientização por parte dos torcedores e dirigentes.
Caso o Governo não queira cooperar com a questão da violência exarcebada no contexto futebolístico, será preciso que os clubes e as torcidas se unam para que haja uma maior redução dos incidentes de violência. De qualquer modo, sem o apoio político por parte do governo, pode acabar sendo muito difícil alcançar esse objetivo, pois obter o apoio de torcedores pode ser muito complicado em situações nas quais a legislação, além de não ajudar, impõe empecilhos.
Cada vez mais a violência vem crescendo nos estádios brasileiros e de forma avassaladora. O motivo maior é a rivalidade entre torcedores que, "por amor" aos seus clubes, são capazes até de cometer assassinatos.
Para tentar coibir a violência foi sancionada uma lei, nesta terça-feira (27/10/2010), pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A nova legislação estabelece multa, afastamento ou prisão de até dois anos para o torcedor que invadir o campo ou praticar agressões num raio de cinco quilômetros dos estádios. A pena se aplica também a quem portar instrumentos que possam servir para a prática de violência.
A Lei exige ainda o cadastramento dos membros de torcidas oprganizadas. Com isso, as entidades passam a responder judicialmente pelos danos provocados por qualquer um dos seus associados nos locais de evento esportivo, nas suas proximidades ou mesmo no caminho
para o estádio.






 
- "Torcidas Organizadas" ou "Gangs de Rua" 
Em determinados jogos, os estádios de futebol se transformam em verdadeiros palcos de guerra. O confronto entre torcedores e policiais é um dos problemas  que mais preocupa as autoridades de segurança pública e do esporte.
Já faz muito tempo que o futebol brasileiro está arrebanhando "marginais transvestidos" de torcedores que promovem um verdadeiro espetáculo de horrores: assassinatos, arrastões, vandalismos e depredações nas imediações dos estádios.
A cada ano que passa, elevam as estatísticas de assassinatos envolvendo integrantes de torcidas - que algumas pessoas definem como "organizadas".
Em São Pauilo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Paraná, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, na Paraíba...em cada um desses Estados houve pelo menos um assassinato de membro de uma facção por outra rival nos dois últimos anos. As facções têm de parar de ser tratadas como torcidas. Porque, para elas, o que menos importa é o time para o qual dizem torcer.

Do outro lado da moeda os  diretores das "organizadas" se defendem afirmando ser difícil controlar o ingresso de "criminosos" nos quadros da torcida. Admitem que alguns membros tem atitudes ilícitas, fato que vem prejudicando a imagem e a proposta da torcida. Os dirigentes tem a consciência de que há membros com intenções deturpadas e que fogem a proposta de torcer sem violência. Alegam também, que quando é constatada atitudes ilícitas por parte de algum torcedor o mesmo é excluído da "organizada".




As tragédias no mundo causadas por assassinos e vândalos que se infiltram no futebol:
Março de 1946: 33 mortos durante um jogo entre Golton Wanderes e Wolverhampton, pela Copa da Inglaterra.





Maio de 1964: 300 mortos no jogo entre Peru e Argentina, no estádio Nacional de Lima.

Junho de 1968: No clássico Boca Jrs. e River Plate, em Buenos Aires, morreram 73 torcedores, após sinais de incêndio numa arquibancada.


Outubro de 1962: Morrem 60 pessoas no jogo Spartak e Haarlem em Moscou.

Abril de 1985: Juventus e Liverpool disputam o título europeu de clubes no estádio de Heysel, em Bruxelas. Os Hooligans transformam a paixão em fúria:38 mortos.





Maio de 1985: 52 mortos em incêndio nas arquibancadas de madeira do estádio de Bradford, na Inglaterra.





Junho de 1988: O palmeirense Cléo Sostenes é a primeira vítima da briga de torcida no Brasil. Ele é assassinado com dois tiros.





Maio de 1989: Em Sheffield, na Inglaterra, morrem 95 pessoas antes do início de Liverpool e Nottingham Forest, vítimas de estádio super lotado.

Janeiro de 1992: Morre o primeiro torcedor dentro de um estádio de futebol, Rodrigo de Gáspari de 13 anos, atingido por uma bomba de fabricação caseira, no jogo São Paulo  e Corinthians, pela taça São Paulo de Juniores.





Agosto de 1995: Torcedores da Mancha Verde e Independente se agridem num jogo entre Palmeiras e São Paulo. Márcio Gasparím, morre após ser espancado a pauladas.





Maio de 2004: Morre torcedor corinthiano de 16 anos, Marcos Gabriel em confronto com palmeirenses na estação Barra Funda do metrô.


1995 - A Guerra do Pacaembu
No dia 20 de agosto de 1995, o Pacaembu, um dos estádios de futebol mais tradicionais de São Paulo, foi o campo de batalha entre torcedores de Palmeiras e São Paulo, durante jogo final da extinta Supercopa de Futebol júnior. O saldo da batalha foram 101 feridos e um morto: Márcio Gasparin da Silva, um adolescente de 16 anos. Desde então, ainda que pese o fato de o poder público e a polícia tentarem coibir ações de violência, mortes ocasionadas por confrontos entre torcidas rivais ainda são casos comuns entre as histórias de violência das grandes cidades brasileiras. Foi condenado a doze anos de prisão pelo assassinato do estudante Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos, Adalberto Benedito dos Santos, de 23 anos. Em agosto de 1995, durante uma briga entre as torcidas do São Paulo e do Palmeiras, Márcio, são-paulino, foi espancado até a morte por um grupo de palmeirenses. As imagens do crime foram gravadas por várias equipes de televisão. O único agressor identificado foi Santos.




Assista a primeiro parte do bloco: A Guerra do Pacaembu

Veja agora a segunda parte do bloco: A Guerra do Pacaembu
Veja a primeira parte da entrevista com o agressor Adalberto
Veja a segunda e última parte da entrevista com o agressor Adalberto






Todos em Busca da Paz nos Estádios do Brasil e do Mundo
Buscando sintetizar a questão, podemos afirmar que a paz nos estádios só será granjeada com a colaboração de todos. Quando as pessoas de um modo geral tomarem conciência dos seus atos como cidadãos. Mas para isso acontecer, terá de haver uma colaboração mútua entre as partes envolvidas na questão, em prol de um objetivo único: a PAZ.
Os torcedores deverão respeitar uns aos outros, evitando confrontos verbais e corporais. O governo por sua vez, terá que elaborar leis mais eficazes e punitivas para banir dos estádios torcedores vândalos que infringirem a legislação. A mídia como meio formador da opinião pública poderá orientar os telespectadores com campanhas publicitárias, como algumas que já estão correndo, frisando sempre objetivos para alcançarmos a pacificação nos estádios. Só assim, este último parágrafo deixará de ser utopia para se tornar uma realidade.











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