É simplesmente lamentável o que aconteceu na última terça-feira (21/02), no sambódromo do Anhembi, na apuração das Escolas de Samba, do Grupo Especial, de São Paulo. Apurar o que?! Premiar a quem?! Que samba? Pra falar bem a verdade, o carnaval já deixou de ser o palco do samba há muito tempo. O carnaval agora vem adotando esses delinquentes, vândalos e marginais que se apoderam da alcunha de “amantes do samba”. Para esses não interessa a beleza de um samba-enredo, ou a sutileza de uma harmonia ou a delicadeza de uma melodia. Para essa corja baderneira e encrenqueira o que realmente importa é o vandalismo premeditado. Praticando o quebra-quebra, deixando carros incendiados; feitos sempre por quem ama o samba verdadeiramente. Carros produzidos por aqueles (as) que respiram e aspiram samba. Que vivem de samba. Carros que são queimados por mãos “marginais”; envelopes que são rasgados por mãos desleais.
Não sou adepto ao carnaval. Não gosto de carnaval. Por causa da promiscuidade muito acentuada; pela desorganização há muito demonstrada; pela violência desenfreada; a ignorância exagerada ou premeditada por aqueles que não são sambistas de verdade. Aprecio sim, a dedicação e o esforço daqueles que fazem do samba a sua vida. Gosto de notar na passarela do samba a miscigenação das cores sempre misturada ao ritmo dos tambores. A beleza dos carros alegóricos levando como destaques passistas tão eufóricos. A energia da bateria que a todos contagia. Aprecio na arquibancada a empolgação da galera sempre animada gritando ou cantado a plenos pulmões vendo sua Escola favorita desfilando toda prosa na passarela. Tudo isso eu aprecio. Apenas deprecio, repudio o banditismo travestido de sambista. O vandalismo que enfeia e incendeia o trabalho daqueles que lutam o ano inteiro para demonstrar na pista o seu amor e o seu contentamento pelo samba. O que aconteceu no dia da apuração, nos envergonhou como sociedade e nos manchou como nação. Afinal, o que é carnaval, alegria ou vandalismo?